HISTORICO DA LINHA:
Em
1903, a Mogiana iniciou as operações do ramal de Guaxupé, que saía da estação
de Ribeiro do Valle, no ramal de Mococa, e seguia até Guaxupé, pouco após a
divisa do Estado de Minas Gerais. Com a extinção do trecho final do ramal de
Mococa que ia desde Ribeiro do Valle até Canoas, em 7/11/1966, o ramal de
Guaxupé passou a ser o trecho que seguia de Casa Branca até Guaxupé,
desaparecendo o outro ramal. O trecho entre Casa Branca e Guaxupé funcionou
para trens de passageiros e de carga até 1977, quando a queda de uma ponte
entre S. J. Rio Pardo e Ribeiro do Valle interditaram definitivamente a linha.
Em 1986 o trecho entre Casa Branca e S. J. Rio Pardo foi reativado por um
curtíssimo espaço de tempo. Por volta de 1992 os trilhos foram retirados.
A ESTAÇÃO: A estação de
Guaxupé foi inaugurada em 1904, como "ponto de distribuição de
ramais". Era a única estação do ramal em território mineiro. Dela saíam os
ramais de Biguatinga, Passos e Juréia, todos dentro de Minas Gerais. O de
Biguatinga e de Juréia foram eliminados na primeira metade dos anos 1960. Quando
a saída dos trens era para Juréia ou para Biguatinga, a saída era normal, sem
manobras. Já para Passos, a saída era de ré. O ramal de Passos se encontrava,
ao norte, com a estação de São Sebastião do Paraíso (ponto final da E. F. São
Paulo-Minas). Há relatórios de 1940 que mostram que nessa época a estação tinha
um girador de locomotivas. Já nos anos 1970 esse girador não mais existia, o
que havia era um triângulo de reversão (segundo Paulo Cury e Coaraci Camargo).
"Em Guaxupé era necessária uma manobra curiosa: o trem vindo de Casa
Branca entrava a direita em um triângulo de reversão, pouco antes da estação,
que ficava a uns 200 ou 300 metros dali.
Carimbo em selos
(1906) de correspondência que seguia de Dores de Guaxupé (nome da época) para
São José do Rio Pardo, por trem, para distribuição (Acervo Márcio Protzner).
Na hora da partida, o trem saia de ré e voltava para o triângulo, onde
depois das chaves devidamente arranjadas, seguia à esquerda para Guaranésia,
Monte Santo, etc. Para os trens vindos de Passos, a monobra era invertida. Isso
ocorria pois com a eliminação dos ramais de Juréia e Biguatinga a estação ficou
afastada da linha remanescente (o ramal de Passos). Era curioso notar como a
linha terminava poucos metros além da estação. Também havia em Guaxupé um
depósito de locomotivas, onde as GL8 eram abastecidas durante a parada. O
depósito foi desativado em 73 ou 74. No início dos anos 1970, corriam os
seguintes trens nesse ramal: o PP1/PP2 - Casa Branca-Passos e vice-versa, com
baldeação em Casa Branca; o NP1/NP2 - Casa Branca-Passos e v. versa (noturno)
sem baldeação em Casa Branca; e o LG1/LG2 - Campinas-Casa Branca-Guaxupé (Litorina)
sem baldeação em Casa Branca" (Maurício Torres, 07/2003). "Desde que
a linha foi interditada perto de São José do Rio Pardo, Guaxupé recebia trens
cargueiros via São Sebastião do Paraíso e Guaranésia. Nunca me esqueço, lá
pelos idos de 1983, no dia em que vi uma composição com 2 G-12 da Fepasa. A
linha agüentou, pois elas
eram bem pesadas. Uma delas ainda tinha a velha cor azul da Fepasa. Chegaram na
estação trazendo cimento e adubo, e as duas ficaram manobrando na estação.
Traziam até 20 hoppers carregados e voltavam vazios para Paraíso. A estação de
Guaxupé, nesta época, tinha chefe e manobrista, apesar de receber trens só ocasionalmente.
Estação de Guaxupé e sua localização em 1939. Notar os 4 ramais que saíam e chegavam dela: o que ia para São José do Rio Pardo e Casa Branca (ramal de Guaxupé), para o sul; o que ia para Muzambinho e Jureia (ramal de Jureia), para leste; o que ia para Guaranesia, São Sebastião do Paraíso e Passos (ramal de Passos), para o oeste; e o que ia para Biguatinga (ramal de Biguatinga), para o norte, fazendo imediatamente uma curva em S.
Tinha também um monte de desvios, depósito de locomotivas,
outro de vagões e até o local aonde ficavam os tanques de diesel. Tudo existe
lá até hoje, bem como sua caixa d'agua. A estação de Guaxupé na época era um
depósito de carros antigos da Mogiana, de carga e de passageiros, e nós sempre
íamos brincar neles. Havia carros Pullman, de correio, de carga, mas nenhuma
locomotiva. Também havia 3 vagões de cargas modernos, da Fepasa, um ficou anos
ao lado do depósito do Agrocampo e os outros dois no final da estação.
Continuou assim por um tempo, até que houve um período que não houve atividade
nenhuma vinda de Paraíso, isso até 85/86, quando o governador Montoro anunciou
a reforma da linha entre Casa Branca e Guaxupé. A estação e a linha foram reformadas,
os vagões antigos de madeira da estação foram queimados e suas peças levadas
para ferros-velhos. Os trens que vinham de Paraíso acabaram de vez e nunca mais
voltaram. Esta linha existiu até o
começo de 1992, me lembro bem porque uma vez fui com um amigo por ela até
Guaranésia. Nesta época, o movimento passou a ser via Casa Branca. Em geral,
eram 12 vagões carregados de adubo puxados sempre pela mesma GL-8 da Fepasa, só
que ela tinha que deixar a metade em Itaiquara e voltar até lá pra buscar depois,
porque segundo os maquinistas ela não agüentava subir com todos um aclive que
existe lá...e lembro que uma vez esta máquina chegou com os corrimãos amassados
porque havia pegado uma camionete em Itaiquara.
A composição trazia adubo para
Guaxupé e voltava vazia, parece que iam levar café de volta, mas isso nunca
aconteceu. A composição descarregava na estação, onde os caminhões da
cooperativa encostavam ao lado... o engraçado é que nunca foram utilizados os
desvios da Cooperativa e da Exportadora (que existem até hoje, inclusive) para
isso... o curioso é que muito tempo depois que a linha foi extinta, a
cooperativa mandava café em conteineres de carreta para Casa Branca-velha,
aonde eram colocados no trem e despachados para Santos. Até que de repente o
movimento no ramal parou de vez...o último trem de cargas (o último de todos)
chegou em Guaxupé em março de 1988, para nunca mais voltar. Até 1989/90, a
estação mantinha funcionários da Fepasa... até que ela foi desapropriada pela
prefeitura, arrancaram os trilhos e acabou-se tudo" (Rômulo Fávero,
01/2003). Já, por outro lado, há gente que conta uma história um pouco
diferente sobre os trens que chegavam a Guaxupé: "Nenhum dos trens de
passageiros que se dirigiam a Guaxupé ou Passos, não faziam baldeação em Casa
Branca. O que acontecia era que o carro breque é que era desocupado e
retornava. Digo isso porque trabalhei muito tempo na estação de Casa
Branca-nova que era o local onde os trens eram unidos ou separados. Os carros
de passageiros, o "b" e o "c" do PP1 vinham de campinas no
"rabo " do R1, e o PP2, sua composição, exceto o breque era engata na
trazeira do R2. Outra coisa, em Guaxupé, segundo todas as pessoas com quem
conversei, nunca teve virador, apenas o triângulo de reversão. A antiga estação
está hoje (2005) sediando algumas secretarias municipais, entre elas a da
cultura, ocupando a antiga oficina das diesel, estando em reforma o depósito de
loco a vapor, onde funcionava o escritório do engenheiro há um posto de saúde,
no depósito de cargas e na composição, local onde trabalhei muitas vezes junto
com meu pai, parte da secretária da cultura - um teatro. Na antiga chefia e no
movimento, estão fechados e parecem desocupados. Onde funcionava a cooperativa
dos funcionários, ligado ao depósito de cargas, hoje é o escritório do
sindicato e do delegado da UFAM.
Finalmente, na ala de
passageiros, uma espécie de sala de espera toda aberta para a plataforma
juntamente com o local do bar e bagagem, hoje funciona um serviço de saúde do
trabalhador. Infelizmente o deposito de carros foi totalmente demolido, sendo
que lá foi construido um parque denominado 'Parque Mogiana'. O desvio que ia
até o depósito da cooperativa e do armazem do frota, ambos na saída para Casa
Branca tiveram tráfego normal até 1969-70, quando foram interrompidos, e
caminhões passaram a levar o café diretamente para a estação. Já o café que era
transportado por caminhão, até 1969 eram da Exportadora de Café Guaxupé, de
propriedade de Olavo Barbosa, cujos depósitos ficaram sem acesso com a extinção
do ramal da Juréia" (Francisco Marques, 03/2005).
"A estação de
Guaxupé tinha uma sala de espera. Além disso, tinha ao lado dessa sala um bar,
depois o espaço destinado aos passageiros que queriam ficar mais à vontade e
respectiva saída dos passageiros que chegavam, e mais à frente um pouco a
bagagem, ou seja, um cômodo/escritório destinado aos despachos de
encomenda" (Descrição de Francisco Marques em 15/1/2009).
Estrutura
As Antigas ferrovias geralmente era feitas com fundação de pedra. "Com relação a fundação: caso tiver apenas pedra apoiadas...poderá ser rasa. Caso tenha estacas (dependendo da profundidade) poderá ser classificada como profunda. A fundação do prédio da Fepasa é de estaca de madeira... fundação profunda ... era uma estação Ferroviária...(vibração de trens de passageiros e cargas)." Eliton Israel Pereira.
Estrutura
As Antigas ferrovias geralmente era feitas com fundação de pedra. "Com relação a fundação: caso tiver apenas pedra apoiadas...poderá ser rasa. Caso tenha estacas (dependendo da profundidade) poderá ser classificada como profunda. A fundação do prédio da Fepasa é de estaca de madeira... fundação profunda ... era uma estação Ferroviária...(vibração de trens de passageiros e cargas)." Eliton Israel Pereira.
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